Tactear o transitório. Ser fulguração. Sentir o esgar da revolta, da ironia, do espanto...

.

.

.

.

.

Súplica

.


.
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.


.


.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...


.


.
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.


Miguel Torga

(para quem o futuro era o disfarce da impotência)

.

07 Setembro 2007

48 comentários:

hfm said...

De todos os contrastes.

sombra_arredia said...

Poderoso :)

Mateso said...

Palavras perfeitas em Torga... sempre.
Bj.

Espaços abertos.. said...

Todos os contras,todas as formas,uma única expressão.
Bom fim de semana
Bjs Zita

Mary Lamb said...

O silencio continua a borbulhar por entre as mares de estrelas que caem do ceu e passa por nos sem que lhe demos a devida importancia.
Existem respostas explicitas no silencio.
Gostei de vir aqui.
Beijos

Ricardo said...

Sempre aqui... até o fim!

Um bjo, Nan!

blue said...

uma composição fortíssima.

(de quem são as imagens?)

Naty said...

Olá muito bonito.parabens voltarei
bfs bjs naty

Anonymous said...

Já o disse noutro blogue e repito-o aqui, além de Torga ser um dos meus poetas favoritos, este é um dos meus preferidos de entre os seus poemas.

Anonymous said...

A perfeição, a emoção, como sempre.
Bj

un dress said...

belíssima


a tua sede


~


e o ardor


do seu rasto



~

Bandida said...

forte. forte. fortíssimo(a).



beijo LB


B.

Ana Paula Sena said...

Imagens impressionantes (tal como nos tens habituado)! Das que valem por mil palavras...
Miguel Torga também é um dos meus poetas preferidos. E como ele soube falar do prazer da calma...!
Beijinhos, L.B.! :)

Gi said...

Apelo

Porque
não vens agora, que te quero
E adias esta urgencia?
Prometes-me o futuro e eu desespero
O futuro é o disfarce da impotência....

Hoje, aqui, já, neste momento,
Ou nunca mais.
A sombra do alento é o desalento
O desejo o imite dos mortais.


...

é isso mesmo que dizes e que neste poema está tão patente também.

Um beijo


PS - sabes que só porque vim aqui primeiro, quando escreveste este post, não publiquie este poema exactamente no mesmo dia? :)
E ainda dizem que não há coincidências :)

Outro beijo (que hoje estou uma mãos largas :) )

Maria Strüder said...

Já alguém notou que este blog é um mimo. É esteticamente perfeito, as imagens enquadradas em fundo escuro, as letras bem distribuidas o teu toque arrepia-me és boa no que fazes.
[saudades]

Abssinto said...

Sublime.

É tudo.

bj

Anonymous said...

Abandonam-se as palavras ao peso da solidão que o mar engole, entre ondas de vazio e espuma de memóroas o passado fica lá atrás na costa de âncora partida e arrastada até à multidão que virou as costas ao naufrágio...

Poeta da força telúrica aqui com sabor a sal!

Gostei do cantinho e das letras na outra língua de Babel!

as velas ardem ate ao fim said...

Belissimo.

bjinhos

Cometa 2000 said...

Como um hábito: brilhante!

obrigado por torga e pelas imagens belíssimas.

Eyes wide open said...

É difícil escolher um adjectivo suficientemente bom e forte para caracterizaer este post, que ainda não tenha sido usado... brilhante foi o que me suscitou em primeiro lugar... lindíssimo.
Bj

Lavínia Saad said...

Meu silencio:
Uma onda sem mar

paulo said...

Vim há bocadinho do memorial que fizeram ao Dr. Adolfo. É uma vergonha, mas é em xisto, o que já não é mau. Se fosse em granito era muito pior ( isto em Coimbra ). A vontade do Homem era que o esquecessem, a vontade do Escritor cessou com ele. fica a escrita. Dispensava-se o xisto, corre o Mondego, sempre é melhor que a estátua de outro poeta descalço, e vivo, mais à frente. Manias. Ler é recordar, que por sua vez é viver, ou circular; bons versos, os do Dr. Bom Homem. E Poeta.

butterfly said...

Lindo, tudo.
O poema de Torga e as imagens que escolheste.
Um beijo

Citadino Kane said...

Imagens e texto lindos...
Beijos,
Pedro

A. said...

[...não tolerar ópios nem máscaras na vida, cuja beleza resulta principalmente da coragem de encará-la sem maciezas de tules a cobrirem-na de disfarce.]




JGomesFerreira





...minha querida. da tanta coragem.

abraço forte, Nan.

o estrangeiro said...

Olá, passo como habitualmente, mas não sem deixar duas palavras.

Um poema de Torga belíssimo bem como as imagens que o acompanham, excelente.

Num blog que tem um forte sentido estético, apelativo, um lugar aprazível.

Parabéns por isso mesmo, por despertares emoções :)

Bjs

CNS said...

Silêncio revolto de palavras. Engole-nos, este teu canto, na sua maré de belo.

um beijo

Gi said...

Não é preciso publicares.

É só mesmo para deixar um beijinho

Anonymous said...

Você conseguiu abreviar, anular, contradizer qq tipo de comentário !!!!
Não há nada a dizer, além de LINDO, LINDO, LINDO, LINDO !!!!
Amei !!!!!!
Essas letras me inspiram.
Bjs,
Si

Abssinto said...

Sente-se tudo o que ficou por dizer.

bj

Anonymous said...

Este poema é simplesmente fantástico , e as imagens , adorei!

saudosista do futuro said...

outros há que vão-se
habituando a esse estar
convulsivo e intrínseco.




(...)


és sempre um espanto
no rodar de sensações.


_______________________

Filipe said...

Nem sabe como eu concordo.
Mas não posso aceitar.
O destino.
Como contrariar?
Talvez matar a sede com água salgada.
bjs

Bandida said...

para te rever e um beijo


B.

un dress said...

mais uma vez

sigo este trilho

em busca de

m a i s





beijO

bOm.outonO...

hfm said...

Na Cabotagem há notícias daqui.

Isabel Victor said...

Absolutamente fantástico ! Belo.

Muito belo ...

Desesperadamente belo !

___________obrigada

i*

Ana Paula Sena said...

Li algures que vais estar ausente.
Deixo ficar beijinhos e a certeza de que voltarei sempre para sentir a intensidade das tuas emoções, sempre tão delicadamente vivas aqui...
:):)

hora tardia said...

SEM DISFARCE.


sem tardios cânticos.
sem palavras ocas.


passo.

para deixar um abraço. simples.

________________.

Joana Roque Lino said...

Olá,
O seu blogue está muito bem concebido. Gostei.

AR said...

É bom regressar... e ver que as expectativas são correspondidas mais uma vez...

Mateso said...

Já te respondi ao comentário de Brecht. Dá uma olhadela, minha querida , se quiseres, claro está- Escusas de publicar.
Beijinho.

Rui Caetano said...

Se as palavras s~~ao magníficas, estonteantes, as imagens ganham as cores do absoluto. A beleza sugestiva entra-nos pelo nosso ser de uma forma única

paulo said...

Estou apenas aqui para lhe suplicar uma palavrinha. Eu sei que o silêncio é oiro e essas coisas todas, mas faz-me falta a prata dos dias. Xi, píncaro.

as velas ardem ate ao fim said...

Só consigo choarar.dsc volto outra vez.

Andreia said...

Perde-se a vida a desejá-la tanto. Perde-se a vida a desejá-la tanto.

[E não consigo dizer nada porque isto já diz tanto. Perfeito :)
Olá, já agora. Voltarei. Beijinho]

second life said...

Só se pode navegar à deriva na calmaria, sem medo do amanhã. Sem fome.
Sem sede.

Navegar...respirar apenas.

mnemosyne said...

Burgo cinzento da cor do pensamento.Palavras e imagens...combinação perfeita.
Um beijo

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