Letras de Babel
Tactear o transitório. Ser fulguração. Sentir o esgar da revolta, da ironia, do espanto...
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É quando muda de forma como uma amiba. É quando fixo a parede branca e se forma um círculo cinzento que fotografa o que eu penso e que é muito bem capaz de ser uma coisa do tipo «não mereceste nenhuma das formas que eu tive de dizer amo-te» e o estuque não estalar.
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Existem inúmeras biografias de Che - e não só em formato livro. Para além do diz-que-disse, considero esta a mais fidedigna.
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Última fotografia em vida: no olhar a certeza do caminho percorrido, a ausência de ódio, a hombridade que fez dele o ícone duma esquerda que persiste.
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E, a seguir dela, as últimas palavras ao seu algoz:
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"Por que esperas? Dispara. É apenas um homem que vais matar."
Ojalá que las hojas no te toquen el cuerpo cuando caigan
Ojalá se te acabé la mirada constante,
Ojalá que la aurora no dé gritos que caigan en mi espalda.
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Súplica
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Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
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Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
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Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Miguel Torga
(para quem o futuro era o disfarce da impotência)
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07 Setembro 2007
[E com enorme surpresa (pelo menos para mim), no item "Post Scriptum" descobre-se um Paulo Teixeira Pinto escritor. E bom.]
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«Hoje acordei sem silêncio no peito. Deixei queimar a pele no duche para me certificar que existia.» Olga Roriz, Coreógrafa
As para além de:
«Um dia, não cheguei a tempo ao microfone e, de repente, apercebi-me do quão belo era aquele momento.» David Fonseca, Músico
As sábias:
«Há silêncios livres de quem não quer gastar palavras ou fazer ruído; silêncios que são sinal de orgulho, de desprezo, de timidez, de dignidade.» António Vaz Pinto, Padre
As de desespero decidido:
«Deixo-te assim no silêncio desta escrita
Escrita a correr sem saber porquê» Simone de Oliveira, Cantora e Actriz
As humorísticas:
«"Não há nada mais belo que o silêncio", sussurrou-lhe ela, enquanto viam as estrelas, deitados sobre a relva do jardim. E pronto: com isto, ela estragou tudo.» Nuno Markl, Humorista
E as pérolas da filosofia:
«(…) choquei com um candeeiro e fez-se silêncio. (…) Pela primeira vez na minha vida parei para pensar: Quem sou?» Lili Caneças, Apresentadora de Televisão
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20 Agosto 2007
(...)
Nas quedas agarra-me. Eu serei o forro do teu chão.
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O teu suporte. Tu, o meu. Até ao fim de pé, como a árvore donde vim para partilharmos a tangível eternidade.
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Põe uma música. Danço, rodopio contigo.
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Ainda posso dormir ao teu lado?
Eu ensinei-te a andar.
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28 Julho 2007
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«Portugal deveria ser província de Espanha»
O prémio Nobel português José Saramago defende, numa entrevista publicada hoje no Diário de Notícias, que Portugal deveria tornar-se uma província de Espanha e integrar um país que passaria a chamar-se Ibéria para não ofender «os brios» dos portugueses.
O escritor, que reside há 14 anos na ilha espanhola de Lanzarote, considera que Portugal, «com dez milhões de habitantes», teria «tudo a ganhar em desenvolvimento» se houvesse uma «integração territorial, administrativa e estrutural» com Espanha.
Portugal tornar-se ia assim, sugere o Nobel português, mais uma província de Espanha: «Já temos a Andaluzia, a Catalunha, o País Basco, a Galiza, Castilla La Mancha e tínhamos Portugal».
«Provavelmente [Espanha] teria de mudar de nome e passar a chamar-se Ibéria. Se Espanha ofende os nossos brios, era uma questão a negociar», disse o escritor, membro do Partido Comunista Português desde 1986.
Questionado sobre a possível reacção dos portugueses a esta proposta, Saramago disse acreditar que aceitariam a integração, desde que fosse explicada: «não é uma cedência nem acabar com um país, continuaria de outra maneira. (...) Não se deixaria de falar, de pensar e sentir em português».
Na visão do escritor, Portugal não passaria a ser governado por Espanha, passaria a haver representantes de ambos os países num mesmo parlamento e, tal como acontece com as autonomias espanholas, Portugal teria também o seu próprio parlamento.
in Portugal Diário - numa entrevista de JS ao Diário de Notícias
Absolutamente de acordo. Quem me conhece, sabe que já falo disso há algum tempo. Ademais, nem vejo outra solução para acabar com esta imoralidade reinante, contra a qual ninguém faz nada, de nunca terem existido tantos milionários neste país (autênticos chulos do erário público), enquanto 3/4 dos portugueses sobrevive com menos de 1 euro por dia. E os pais portugueses não põem sopas de Tabacaria ou Ilha dos Amores à frente dos filhos na hora de almoçar.
Eu até iria mais longe que isso...mas isso é outra história e, concedo, utópica.
PS: Soa-me tão bem o nome Ibéria.
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Saramago defendeu que Portugal deveria ser uma província Espanhola. Declarações causaram polémica e uma reacção do MNE, que rejeita esta hipótese. Sondagens mostram que, dos dois lados da fronteira, há quem defenda a integração
A polémica começou este domingo quando o prémio Nobel português, José Saramago, defendeu, numa entrevista publicada no Diário de Notícias, que Portugal deveria tornar-se uma província de Espanha e integrar um país que passaria a chamar-se Ibéria. As declarações do escritor não agradaram a muitos portugueses e já suscitaram reacções do Governo e notícias num jornal chinês. Sondagens recentes mostram, contudo, que, dos dois lados da fronteira há quem defenda a integração.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, disse hoje á Lusa que discorda da ideia de uma integração de Portugal em Espanha, defendida pelo escritor José Saramago, afirmando que tem uma «perspectiva completamente diferente» das relações entre os dois países.
«Respeito muito a figura do escritor José Saramago, tem todo o direito de fazer essas declarações, é um pensador livre, mas tenho uma perspectiva completamente diferente relativamente à dialéctica das relações entre Portugal e Espanha para as próximas décadas», afirmou o chefe da diplomacia portuguesa em Bruxelas, citado pela agência Lusa.
Questionando sobre se a ideia de uma união ibérica constitui então um cenário de ficção literária, Luís Amado respondeu que se pode «categorizar» desse modo. (Claro, claro. O que tu queres não tem nada de ficção, até aí sei eu...)
No passado domingo, numa entrevista ao Diário de Notícias, o Prémio Nobel português da literatura defendeu a fusão entre Portugal e Espanha, sugerindo que o novo país se chamasse Ibéria.
O escritor, que reside há 14 anos na ilha espanhola de Lanzarote, considera que Portugal, «com dez milhões de habitantes», teria «tudo a ganhar em desenvolvimento» se houvesse uma «integração territorial, administrativa e estrutural» com Espanha.
Polémica chega à China
As declarações de Saramago, que tanta polémica têm causado em Portugal, já chegaram à China. O jornal oficial chinês Beijing News noticia esta terça-feira as declarações de José Saramago em defesa da integração de Portugal e Espanha numa união ibérica e refere mesmo que metade dos portugueses concorda com a ideia. «Uma sondagem sobre a fusão de Portugal e Espanha feita recentemente demonstrou que na actualidade cerca de 50 por cento dos portugueses concordam com a união com Espanha», diz o jornal do governo de Pequim.
«Segundo a mesma sondagem, cerca de metade dos portugueses considerou que a união com Espanha seria benéfica para promover a economia portuguesa e a melhoria do nível de vida», continua o jornal.
O jornal chinês não revela quem realizou a sondagem, contudo, um inquérito realizado em Setembro pelo jornal Sol, revela que 28 por cento dos portugueses acham que Portugal e Espanha deveriam ser um só pais, sendo que a maioria (40,7 por cento) preferia que a capital do novo país fosse Lisboa.
Do outro lado da fronteira, um estudo semelhante, realizado pelo instituto Ipsos para a revista Tiempo revelou que 45,7 por cento dos espanhóis querem a união entre Portugal e Espanha, 43 por cento defendem que o novo país deve chamar-se Espanha, tendo Madrid como capital (80 por cento).
E vocês, que pensam sobre isto?
21 Julho 2007
João Peste - Pop Dell´Arte
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11 Julho 2007
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O primeiro-ministro, José Sócrates, apresentou uma queixa-crime contra o blogger António Balbino Caldeira, professor em Alcobaça, devido ao conjunto de textos que escreveu sobre a sua licenciatura em Engenharia Civil na Universidade Independente (UnI), noticiou hoje o Expresso na edição on-line, citando fonte próxima do processo.
O autor do blogue «doportugalprofundo.blogspot.com» vai ser ouvido no mesmo dia no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) de manhã como arguido e à tarde como testemunha.
Esta dupla condição resulta do facto de o DCIAP estar a conduzir dois processos sobre a licenciatura do primeiro-ministro na UnI: um que teve origem numa participação feita pelo advogado José Maria Martins, que levantou suspeitas sobre a passagem de Sócrates pela UnI, e no qual o bloguer será ouvido como testemunha, e um segundo que foi aberto após a queixa-crime do primeiro-ministro contra António Balbino Caldeira. Ambos os inquéritos estão a correr paralelamente, adianta o jornal.
Contactado pelo Expresso, António Balbino Caldeira não quis prestar qualquer declaração.
O gabinete do primeiro-ministro não confirmou a apresentação de uma queixa-crime. No último post colocado no blogue sobre a sua condição de arguido, António Balbino Caldeira escreve: «O sistema persegue politicamente os seus opositores por estes pretenderem exercer os seus direitos de cidadania. Mas só sobrevive com a complacência dos órgãos do Estado e a resignação popular».
in DD . 20-06-2007 14:37:38
Ou aqui - mais do mesmo, embora com a nota das "Notícias Relacionadas", que nem como ironia propositada funcionaria melhor.
A linhas tantas do blog acima referido e cujas lutas importa divulgar, alguém citou muito a propósito:
"Quando se recordam as atrocidades do século XX, vê-se que o pior não foram as malfeitorias dos assassinos, mas o silêncio das boas pessoas".
Martin Luther King
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20 Junho 2006
"Je vais bien, ne t'en fais pas"
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(I still have a place for people like you.)