Letras de Babel

Tactear o transitório. Ser fulguração. Sentir o esgar da revolta, da ironia, do espanto...


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O tempo, tendência dele é passar.

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04 Novembro 2007

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Algumas vezes o amor não dói
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É quando muda de forma como uma amiba. É quando fixo a parede branca e se forma um círculo cinzento que fotografa o que eu penso e que é muito bem capaz de ser uma coisa do tipo «não mereceste nenhuma das formas que eu tive de dizer amo-te» e o estuque não estalar.

Outra coisa são fantasmas ou outros modos de pisar o mundo. E pactos de não dizer mais aquela palavra.
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26 Outubro 2007



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Apparently I Am


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.So soon you'll take me
Up in your arms
Too late to beg you or cancel it
Though I know
It must be the killing time

Unwillingly mine

Nouvelle Vague

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20 Outubro 2007

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Che Guevara
assassinado há 40 anos
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Existem inúmeras biografias de Che - e não só em formato livro. Para além do diz-que-disse, considero esta a mais fidedigna.

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Última fotografia em vida: no olhar a certeza do caminho percorrido, a ausência de ódio, a hombridade que fez dele o ícone duma esquerda que persiste.

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E, a seguir dela, as últimas palavras ao seu algoz:

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"Por que esperas? Dispara. É apenas um homem que vais matar."

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Era o dia 9 de Outubro de 1967.
Ernesto Guevara tinha 39 anos.
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09 Outubro 2007

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Está uma noite de verão
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Eu teria escrito qualquer coisa como:

...mas eu não vou vê-la, à janela, sem ti.

Hoje digo apenas que nem gosto do verão

ou

que me apetece o conforto dum temporal lá fora.

E pronto. (em qualquer dos casos)

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09 Outubro 2007


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Queria pintar girassóis mas não tenho coragem

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...nem a cor nem a textura daquela sensação que tinha


de que devia estar contigo caso um de nós tivesse de se despedir.


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09 Outubro 2007

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Ojalá
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[...un disparo de nieve]
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Ojalá que las hojas no te toquen el cuerpo cuando caigan
para que no las puedas convertir en cristal.
Ojalá que la lluvia deje de ser milagro que baja por tu cuerpo.
Ojalá que la luna pueda salir sin tí.
Ojalá que la tierra no te bese los pasos.

Ojalá se te acabé la mirada constante,
la palabra precisa, la sonrisa perfecta.
Ojalá pase algo que te borre de pronto:
una luz cegadora, un disparo de nieve.
Ojalá por lo menos que me lleve la muerte,
para no verte tanto, para no verte siempre
en todos los segundos, en todas las visiones:
ojalá que no pueda tocarte ni en canciones

Ojalá que la aurora no dé gritos que caigan en mi espalda.
Ojalá que tu nombre se le olvide a esa voz.
Ojalá las paredes no retengan tu ruido de camino cansado.
Ojalá que el deseo se vaya tras de tí,
a tu viejo gobierno de difuntos y flores.
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Sílvio Rodriguez, que ouvi aqui e de onde parti à descoberta madrugada adentro.
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"Yo siempre pensé que todas las ocupaciones y preocupaciones humanas caben en la poesía y en el arte, y por supuesto en la canción. Y que es deber de nuestra sociedad socialista defender que así sea, porque en esos testimonios se imprimirá parte de nuestra memoria histórica como pueblo, además de parte de nuestra capacidad de inventiva. Creo que las artes no solo tienen el derecho sino el deber de expresarse, porque eso, junto con los datos que aportan la prensa y otras manifestaciones, contribuye a dejar un registro histórico lo suficientemente variado como para que el mañana comprenda todas nuestras características y pueda aprender de nosotros.
Por ejemplo, creyendo en la poesía y en el arte, a los 20 años llegué a la conclusión de que la Revolución no era propiedad privada de nadie, que la Revolución era de todo el que fuera capaz de hacerla y defenderla. Por lo que les dije a los burócratas que se creían los administradores de los sueños:
La pobre gente que dispone
de la vida por oscuros corredores,
qué se hará?
Y los que venden la palabra,
los que ríen, los que no hablan
quiénes los despedirán?
Serán como el insecto aquel,
muriendo solo, sin después
Morir así es no vivir.
Morir así es desaparecer para siempre.
Creyendo en la poesía y en el arte me fui al mar con la Flota Cubana de Pesca, de donde regresé intacto con estas interrogaciones:
Compañeros de historia,
tomando en cuenta lo implacable
que debe ser la verdad, quisiera preguntar
-me urge tanto-
qué debiera decir, qué fronteras debo respetar?
Si alguien roba comida
y después da la vida, qué hacer?
Hasta dónde debemos practicar las verdades?
Hasta dónde sabemos?
Obseso de la poesía y el arte, pedí la devolución de 11 pescadores frente a la Oficina de Intereses. En esos días algunos apostaban por bloquearnos y al mismo tiempo, el pueblo nos nombraba sus representantes en un festival. También por entonces, junto al Grupo de Experimentación Sonora, fui uno de los compositores de "Granma", obra que celebraba el 20 aniversario de ese barco llegando a nuestras costas.
Qué sabrá mi niño de doce olas
que no se posaron junto a la arena.
Qué sabrá mi niño de doce olas
que cogían camino al coger vereda.
Qué sabrá mi niño de doce olas
que no se rompieron en el peñasco.
Que sabrá mi niño de doce olas
que volaron tras empujar su barco.
Un día inesperado llega una carta de Camagüey, pidiendo una canción sobre Agramonte. Y creyente de la poesía y el arte mambisas cometo aquel acercamiento a la estatura de El Mayor:
El hombre se hizo siempre
de todo material:
de villas señoriales
o barrio marginal.
Toda época fue pieza
de un rompecabezas
para subir la cuesta
del gran reino animal,
con una mano negra
y otra blanca mortal.
Fieles a la poesía y a las artes, muchos artistas aterrizamos en Angola, en plena guerra. Algunos llegamos en febrero de 1976 y pasamos meses haciendo recorridos desde Cabinda hasta Cunene, conociendo héroes -algunos de los cuales están en esta sala-, a veces dándoles las buenas noches a compañeros que a la mañana siguiente ya eran materia de canciones. Entre ellos Arides y Ciro Berrios, por quienes siempre valdrán la pena aquellos sentimientos que decían:
Si caigo en el camino
hagan cantar mi fusil
y ensánchenle su destino,
porque él no debe morir."
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Sílvio Rodriguez
(excerto dum discurso na Assembleia Cubana, onde é deputado)
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30 Setembro 2007

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Éramos de vidro e eu ouvia estilhaçar
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enquanto dividíamos o tempo em partes finitas.

[e eu perguntava cada sentimento e tu não inventavas nada]
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29 Setembro 2007

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Súplica

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Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.


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Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...


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Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.


Miguel Torga

(para quem o futuro era o disfarce da impotência)

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07 Setembro 2007

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"E é inútil procurar encurtar caminho e querer começar já sabendo que a voz diz pouco, já começando por ser despessoal. Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver, nunca se pode chegar antes. A via-crucis não é um descaminho, é a passagem única, não se chega senão através dela e com ela. A insistência é o nosso esforço, a desistência é o prêmio. A este só se chega quando se experimentou o poder de construir, e, apesar do gosto de poder, prefere-se a desistência. A desistência tem que ser uma escolha. Desistir é a escolha mais sagrada de uma vida. Desistir é o verdadeiro instante humano. E só esta é a glória própria de minha condição. A desistência é uma revelação".
Clarice Lispector, A Paixão Segundo GH
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23 Agosto 2007

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Um minuto de silêncio
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As receitas dos direitos de autor deste livro revertem para a Associação Portuguesa de Surdos (link). No item "60 segundos" cliquem para apreciarem 60 frases sobre o silêncio, de várias personagens da vida portuguesa, donde extraí estas por vários motivos e como amostragem.
[E com enorme surpresa (pelo menos para mim), no item "Post Scriptum" descobre-se um Paulo Teixeira Pinto escritor. E bom.]
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As de espanto feitas:
«Hoje acordei sem silêncio no peito. Deixei queimar a pele no duche para me certificar que existia.» Olga Roriz, Coreógrafa

As para além de:
«Um dia, não cheguei a tempo ao microfone e, de repente, apercebi-me do quão belo era aquele momento.» David Fonseca, Músico

As sábias:
«Há silêncios livres de quem não quer gastar palavras ou fazer ruído; silêncios que são sinal de orgulho, de desprezo, de timidez, de dignidade.» António Vaz Pinto, Padre


As de desespero decidido:
«Deixo-te assim no silêncio desta escrita

Escrita a correr sem saber porquê» Simone de Oliveira, Cantora e Actriz

As humorísticas:
«"Não há nada mais belo que o silêncio", sussurrou-lhe ela, enquanto viam as estrelas, deitados sobre a relva do jardim. E pronto: com isto, ela estragou tudo.» Nuno Markl, Humorista

E as pérolas da filosofia:
«(…) choquei com um candeeiro e fez-se silêncio. (…) Pela primeira vez na minha vida parei para pensar: Quem sou?» Lili Caneças, Apresentadora de Televisão
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20 Agosto 2007

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O Haver - Vinicius de Moraes
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(...)

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante.
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E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.
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Resta essa obstinação em não fugir do labirinto
Na busca desesperada de uma porta quem sabe inexistente
E essa coragem indizível diante do grande medo
E ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer dentro da treva.
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(...)
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11 Agosto 2007

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O meu título tem o teu nome
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Sou ainda uma cara estranha para ti. Mas nunca mais serás a mesma pessoa.

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Vais amachucar as tuas raivas no meu corpo. Mas eu fico contigo.

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Nas quedas agarra-me. Eu serei o forro do teu chão.

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O teu suporte. Tu, o meu. Até ao fim de pé, como a árvore donde vim para partilharmos a tangível eternidade.

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Põe uma música. Danço, rodopio contigo.

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Ainda posso dormir ao teu lado?





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Eu ensinei-te a andar.

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28 Julho 2007

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Se todas fossem no mundo bandidas como tu...
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21 Julho 2007

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«Portugal deveria ser província de Espanha»

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O prémio Nobel português José Saramago defende, numa entrevista publicada hoje no Diário de Notícias, que Portugal deveria tornar-se uma província de Espanha e integrar um país que passaria a chamar-se Ibéria para não ofender «os brios» dos portugueses.
O escritor, que reside há 14 anos na ilha espanhola de Lanzarote, considera que Portugal, «com dez milhões de habitantes», teria «tudo a ganhar em desenvolvimento» se houvesse uma «integração territorial, administrativa e estrutural» com Espanha.
Portugal tornar-se ia assim, sugere o Nobel português, mais uma província de Espanha: «Já temos a Andaluzia, a Catalunha, o País Basco, a Galiza, Castilla La Mancha e tínhamos Portugal».
«Provavelmente [Espanha] teria de mudar de nome e passar a chamar-se Ibéria. Se Espanha ofende os nossos brios, era uma questão a negociar», disse o escritor, membro do Partido Comunista Português desde 1986.
Questionado sobre a possível reacção dos portugueses a esta proposta, Saramago disse acreditar que aceitariam a integração, desde que fosse explicada: «não é uma cedência nem acabar com um país, continuaria de outra maneira. (...) Não se deixaria de falar, de pensar e sentir em português».
Na visão do escritor, Portugal não passaria a ser governado por Espanha, passaria a haver representantes de ambos os países num mesmo parlamento e, tal como acontece com as autonomias espanholas, Portugal teria também o seu próprio parlamento.

in Portugal Diário - numa entrevista de JS ao Diário de Notícias

Absolutamente de acordo. Quem me conhece, sabe que já falo disso há algum tempo. Ademais, nem vejo outra solução para acabar com esta imoralidade reinante, contra a qual ninguém faz nada, de nunca terem existido tantos milionários neste país (autênticos chulos do erário público), enquanto 3/4 dos portugueses sobrevive com menos de 1 euro por dia. E os pais portugueses não põem sopas de Tabacaria ou Ilha dos Amores à frente dos filhos na hora de almoçar.
Eu até iria mais longe que isso...mas isso é outra história e, concedo, utópica.


PS: Soa-me tão bem o nome Ibéria.

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Saramago defendeu que Portugal deveria ser uma província Espanhola. Declarações causaram polémica e uma reacção do MNE, que rejeita esta hipótese. Sondagens mostram que, dos dois lados da fronteira, há quem defenda a integração


A polémica começou este domingo quando o prémio Nobel português, José Saramago, defendeu, numa entrevista publicada no Diário de Notícias, que Portugal deveria tornar-se uma província de Espanha e integrar um país que passaria a chamar-se Ibéria. As declarações do escritor não agradaram a muitos portugueses e já suscitaram reacções do Governo e notícias num jornal chinês. Sondagens recentes mostram, contudo, que, dos dois lados da fronteira há quem defenda a integração.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, disse hoje á Lusa que discorda da ideia de uma integração de Portugal em Espanha, defendida pelo escritor José Saramago, afirmando que tem uma «perspectiva completamente diferente» das relações entre os dois países.
«Respeito muito a figura do escritor José Saramago, tem todo o direito de fazer essas declarações, é um pensador livre, mas tenho uma perspectiva completamente diferente relativamente à dialéctica das relações entre Portugal e Espanha para as próximas décadas», afirmou o chefe da diplomacia portuguesa em Bruxelas, citado pela agência Lusa.
Questionando sobre se a ideia de uma união ibérica constitui então um cenário de ficção literária, Luís Amado respondeu que se pode «categorizar» desse modo. (Claro, claro. O que tu queres não tem nada de ficção, até aí sei eu...)

No passado domingo, numa entrevista ao Diário de Notícias, o Prémio Nobel português da literatura defendeu a fusão entre Portugal e Espanha, sugerindo que o novo país se chamasse Ibéria.
O escritor, que reside há 14 anos na ilha espanhola de Lanzarote, considera que Portugal, «com dez milhões de habitantes», teria «tudo a ganhar em desenvolvimento» se houvesse uma «integração territorial, administrativa e estrutural» com Espanha.

Polémica chega à China
As declarações de Saramago, que tanta polémica têm causado em Portugal, já chegaram à China. O jornal oficial chinês Beijing News noticia esta terça-feira as declarações de José Saramago em defesa da integração de Portugal e Espanha numa união ibérica e refere mesmo que metade dos portugueses concorda com a ideia. «Uma sondagem sobre a fusão de Portugal e Espanha feita recentemente demonstrou que na actualidade cerca de 50 por cento dos portugueses concordam com a união com Espanha», diz o jornal do governo de Pequim.
«Segundo a mesma sondagem, cerca de metade dos portugueses considerou que a união com Espanha seria benéfica para promover a economia portuguesa e a melhoria do nível de vida», continua o jornal.
O jornal chinês não revela quem realizou a sondagem, contudo, um inquérito realizado em Setembro pelo jornal Sol, revela que 28 por cento dos portugueses acham que Portugal e Espanha deveriam ser um só pais, sendo que a maioria (40,7 por cento) preferia que a capital do novo país fosse Lisboa.
Do outro lado da fronteira, um estudo semelhante, realizado pelo instituto Ipsos para a revista Tiempo revelou que 45,7 por cento dos espanhóis querem a união entre Portugal e Espanha, 43 por cento defendem que o novo país deve chamar-se Espanha, tendo Madrid como capital (80 por cento).

E vocês, que pensam sobre isto?

21 Julho 2007

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Didn't tell you yet?
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You put my feet back on the ground.
Did you know you brought me around?
You were sweet and you were sound.
You saved me.
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Zero 7

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16 Julho 2007

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O chão é outro lugar
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Quanto mais avanço, mais nítido fica o que deixo para trás.

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11 Julho 2007

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O amor é um gajo estranho
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O amor é um gajo estranho
Não tem sonhos não tem coração
Vive tão longe e tão só
Preso à sua própria sedução.
O amor quando eu o conheci
Olhou para mim sorriu e disse:
"Eu sou apenas uma mentira
mas podes fazer de mim uma canção."
O amor passa os dias frente ao espelho
Acredita num reencontro
Eu adormeço o rosto no seu peito nú
E sonho acordar noutro lugar
O amor nunca me mente
Quando me venho na sua boca
Abraça-me lentamente
E eu canto-lhe com a voz rouca.
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João Peste - Pop Dell´Arte


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11 Julho 2007

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Digo:
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Os dias são todos de morrer.

Nenhuma das memórias que tenho de ti

sabe negar essa evidência.

José Rui Teixeira

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01 Julho 2007

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A música em tempo de guerra...
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...fica na história como ela.
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Lili Marlene

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01 Julho 2006


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Final wound


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Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
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Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sophia de Mello Breyner Andresen

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24 Junho 2006

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Diz que é uma espécie de Egipto
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UnI: José Sócrates apresentou queixa-crime contra bloguer

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O primeiro-ministro, José Sócrates, apresentou uma queixa-crime contra o blogger António Balbino Caldeira, professor em Alcobaça, devido ao conjunto de textos que escreveu sobre a sua licenciatura em Engenharia Civil na Universidade Independente (UnI), noticiou hoje o Expresso na edição on-line, citando fonte próxima do processo.
O autor do blogue «
doportugalprofundo.blogspot.com» vai ser ouvido no mesmo dia no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) de manhã como arguido e à tarde como testemunha.
Esta dupla condição resulta do facto de o DCIAP estar a conduzir dois processos sobre a licenciatura do primeiro-ministro na UnI: um que teve origem numa participação feita pelo advogado José Maria Martins, que levantou suspeitas sobre a passagem de Sócrates pela UnI, e no qual o bloguer será ouvido como testemunha, e um segundo que foi aberto após a queixa-crime do primeiro-ministro contra António Balbino Caldeira. Ambos os inquéritos estão a correr paralelamente, adianta o jornal.
Contactado pelo Expresso, António Balbino Caldeira não quis prestar qualquer declaração.
O gabinete do primeiro-ministro não confirmou a apresentação de uma queixa-crime. No último post colocado no blogue sobre a sua condição de arguido, António Balbino Caldeira escreve: «O sistema persegue politicamente os seus opositores por estes pretenderem exercer os seus direitos de cidadania. Mas só sobrevive com a complacência dos órgãos do Estado e a resignação popular».
in DD . 20-06-2007 14:37:38

Ou aqui - mais do mesmo, embora com a nota das "Notícias Relacionadas", que nem como ironia propositada funcionaria melhor.



A linhas tantas do blog acima referido e cujas lutas importa divulgar, alguém citou muito a propósito:

"Quando se recordam as atrocidades do século XX, vê-se que o pior não foram as malfeitorias dos assassinos, mas o silêncio das boas pessoas".
Martin Luther King

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20 Junho 2006

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ris. falas. és. Acordo.

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roubar-me para o infinito. levar só, e só, aquilo que é verdade
a pergunta sobre a fórmula química duns olhos assim
a rasgarem nevoeiros do lado de cá
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16 Junho 2007

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AaRon

"Je vais bien, ne t'en fais pas"


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(I still have a place for people like you.)

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16 Junho 2007

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Inapagável

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I

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de mim mesma desdigo
o ontem. o instante. o fundo das palavras.
o imenso desdém do presente.
a capa. o disfarce. a passagem para a luz.

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desdigo tudo desde a lucidez à filosofia.
incluo o sol. a cal. o vento.
o uivo dos montes.
o segredo dos cabelos.
a experiência do efémero.

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e por teimosia acredito no mar.
tranquilamente puro. circunscrito e definido
nas linhas dum horizonte imaginário.

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II

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só eu sei o que não sei. o que iludo. que recuso saber. que finjo.
que não digo. que tento dizer. que omito dizendo. sussurros pálidos
leves. bruscos, às vezes. mas sempre confusos.

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só eu sei que não sou o que tento ser parecendo que sou o que nunca
fui e às vezes pensei que era.

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só eu sei o que sinto sinto pouco sinto muito
nada é demais quando o fumo se aproxima de mim
passos leves passos fundos passos doutras almas que me amaram e
desabitaram

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percursos cegos de morcego de pássaro sem asas
garganta atropelada por sílabas de chumbo
muros de pedra telhados de sombra avenidas de nogueiras

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moinhos de papoilas desfolhadas
gengivas cinzentas corpo retalhado olhar afastado estranho olhar
de gato enfurecido.

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só ela sabe quem eu sou - a sombra da minha voz
todos os meus antepassados foram bichos e mares
escalaram os alpes construiram ninhos de aço beberam os vulcões
fui amaldiçoada ao primeiro riso à primeira flor guardada

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só eu sei que estou morta estando mais viva que as cores azuis e verdes

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sei que morri no útero de minha mãe e quando me deram de beber o leite
era sangue o que eu sentia era cal e diamante era estátua de rodin
era traço de carvão.

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todos se calaram quando eu nasci. todos me baptizaram de mulher
mas só eu sei que não sou o que tanta gente sabe de mim.

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III

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quem disse que os lábios eram puros?
puros são os beijos que damos sem querer
nos lábios que já esquecemos.

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isabel mendes ferreira in um corpo (sub) exposto


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03 Junho 2007

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De vez em quando, algures

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...a vida começa. Ao princípio não se dá por nada. É assim que as coisas começam.
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25 Maio 2007

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Gota. Corrente. Dilúvio.


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para os amantes que voam
                                             (há amantes que se afundam)
numa cama que não acreditam fria
é sempre verão. sofreguidão.
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nu. húmido. suor.
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viscosidade de pólen transformado
numa papoila a abrir-se
louca de amor e de droga.

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25 Maio 2005

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Requiem - Confutatis
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Destinados às chamas da tristeza?
Acreditar num fogo que nunca morre, no qual ardemos eternamente?
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(O inferno vai para além daqui?)
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12 Maio 2007

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