.
.
.
.
.
.
.
As Irmãs Mirabal ou "Mariposas" e o Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher
.
.
Foto deste blog (a visitar) _
Patria, Minerva e María Teresa Mirabal nasceram em Ojo de Agua, província de Salcedo, República Dominicana. Estas irmãs e os maridos, Pedro González, Manolo Tavarez Justo e Leandro Guzmán, tiveram a valentia de lutar pela liberdade política de seu país, opondo-se firmemente contra uma das tiranias mais férreas da América Latina, a de Rafael LeonidasTrujillo. Por esta atitude foram perseguidas, presas várias vezes e, por fim, brutalmente assassinadas.
Patria Mercedes: nasceu a 27 de Fevereiro de 1924, data da Independência da República Dominicana, motivo pelo qual recebeu o nome de Patria. Artista por natureza, desde pequena tinha afeição pela pintura, na qual se refugiava nos momentos íntimos e trágicos de sua vida, criando obras de singular beleza, ternura e harmonia. Terminado o liceu e apesar de não ter frequentado a Universidade, a sólida base de educação familiar converteu-a numa mulher culta e desenvolta socialmente. Casou-se muito jovem, com 17 anos, tendo tido 4 filhos. Sofreu todo o rigor e brutalidade da tirania, vendo destruído o seu lar, mas o seu carácter doce e terno não a arrastou pela via da amargura. Estava consciente de sua luta.
Minerva Argentina: nasceu a 12 de Março de 1926 e desde a infância destacou-se pela sua inteligência. Em 1946 terminou o Bacharelato em Letras e Filosofia. Os amigos admiravam-na e gostavam dela pelo seu carácter jovial, alegre e sincero e respeitavam-na pela sua inteligência e amplos conhecimentos culturais. Formada, posteriormente, em Direito, a quem Trujillo não queria entregar o diploma e quando o fez não lhe permitiu exercer a carreira, era uma estudante fora de série. Tinha um carácter firme e decidido. Na Universidade conhece o marido, com quem casa em 1955, tendo-lhes nascido 2 filhos. Tinha sido presa já em 1949 e 1951, e foi também em Janeiro de 1960 juntamente com o marido, Manolo - lider do Movimento político "14 de Junho" - e seus cunhados. Nesse mesmo ano foi libertada e voltou a ser presa, com a sua irmã Maria Teresa. Foi condenada a 5 anos de prisão, pena que foi reduzida para 3 depois de ter recorrido da sentença. Hoje, a Facultade de Ciências Jurídicas da Universidade Autónoma de Santo Domingo, a mais antiga do Novo Mundo, tem o seu nome. _
_
Antónia Maria Teresa: a mais jovem, nasceu a 15 de Outubro de 1936. Mimada pelos pais e irmãs, inteligente e dedicada aos estudos, em 1954 termina o Bacharelato em Matemáticas. De seguida ingressa na Facultade de Matemáticas da Universidade de Santo Domingo e obtém o título de Agrimensora, a inteligentíssima Engenheira Civil. Em 1958 casa-se e, no ano seguinte, é mãe. Tenaz, valente e atrevida, foi presa pela primeira vez a 20 de Janeiro de 1960. Levada à fortaleza militar de Salcedo, foi posta em liberdade nesse mesmo dia, para ser presa novamente no dia seguinte. Foi libertada a 7 de Fevereiro. A 18 de Março, mesmo sofrendo de uma bronquite aguda, é presa novamente. Junto com Minerva e outros companheiros, é condenada a cinco anos de prisão, pena que foi reduzida, em apelação, para três anos.
A 25 de novembro de 1960, quando as três irmãs Mirabal regressavam de Puerto Plata, onde se encontravam presos os seus maridos, foram detidas na estrada, num lugar denominado "La Cumbre", e brutalmente assassinadas por agentes do SIM (Serviço de Inteligência Militar) do governo de Trujillo, tendo sido simulado, depois, um acidente. Este horroroso assassinato produziu uma condenação geral da comunidade nacional e internacional em relação ao governo dominicano, e acelerou a caída do ditador Rafael Leonidas Trujillo.
Em homenagem às irmãs Mirabal, feministas reunidas no Primeiro Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe celebrado em Bogotá, Colômbia, em 1981, decidiram instaurar o 25 de Novembro de cada ano como "Dia da Não Violência à Mulher". Posteriormente, em 1999, as Nações Unidas oficializaram esse dia como "Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher".
As irmãs Mirabal são também conhecidas e representadas como as "Mariposas", por ter sido este o nome secreto de Minerva nas suas actividades políticas e clandestinas contra a tirania Trujillista. Que homenagem fazer a estas mulheres Mariposas, além de continuar a lutar contra todas as formas de violência, em especial contra todas as formas de violência em relação às mulheres? Talvez nada melhor para homenagear hoje as irmãs Mirabal senão exaltando as palavras daquele que lhes fez a mais bela das homenagens: Pedro Mir, o grande poeta nacional dominicano, que no seu poema "
Amém de Mariposas", de 1969, expressa de forma singular, única e poéticamente eternizada o que significou a tragédia do assassinato das três heroínas.
_
Fonte: CLADEM - Comité Latino-Americano e do Caribe para a defesa dos direitos da mulher
.
Há cerca de 1 ano, na 2, foi transmitido o filme sobre a vida destas irmãs e toda a envolvente política da época, naquele país. Gostaria de revê-lo, sobretudo porque só o “apanhei” quase a meio.
_
Em Portugal e noutros pontos do mundo converte-se este acontecimento para 24 de Novembro, e não 25, baptizando-o de Dia Internacional contra a Violência Doméstica, querendo assim abranger crianças e idosos. Ou seja, violência entre 4 paredes. O que, parecendo que não, é reduzir e desvirtualizar o real significado deste dia. São problemas diferentes, e se um cabe noutro, o contrário não é verdadeiro. Inventem mais dias. Que tal todos?
_
25 Novembro 2006