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A América teve tudo para ser grande
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Teve isto. E mais aquilo.
Tudo novo. A fervilhar.
John Reed e Louise Bryant,
Emma Goldman e os restantes do círculo
Os primeiros sindicalistas
Joe Hill
New Orleans
Lincoln
Abolicionistas
O Black is Beautiful
Os anos 60
A mais bela estátua jamais oferecida por um país a outro: a da Liberdade.
Beautiful minds
As almas rasgadas da Janis e do Hendrix
A visão da morte de Jim Morrison
Uma vida à parte chamada Marlon Brando
A terna angústia do Monty Clift
O queixume rebelde de James Dean
E os olhos da Bette Davis
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Teve tudo para ser grande
Diamonds
De que sobram rust and blood in the dust
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Teve tudo para ser grande
E não é
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(Afterall, God was not american)
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Gostava que acrescentassem algumas coisas a esta resumida lista, nos comentários. Faltam tantas, tão variadas. Coisas de qualquer coisa que a América teve ou tem para ser grande sem o conseguir. Ou coisas que não permitiram que fosse. Ou ambas.
Virão para aqui.
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Outras coisas da América de que eles se lembraram:
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A América das auto estradas intermináveis
dos frigoríficos redondos
do jazz e dos blues (também do rock mas não me interessa tanto)
da visão do Frank Lkloyd Wright
dos quadros mundanos do Edward Hopper
das cidade de S. Francisco, Chicago e New Orleans
da ponte Golden Gate, irmã gémea da nossa sobre o tejo
de Mark Twain
dos loucos anos 20
da revolução industrial
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A América dos bloqueios e das invasões
do cerco à Ilha onde guardam uma prisão, disfarçada de base militar
que fez o Panamá para seu uso e que comprou o Alaska para exploração
do homem na lua
de abandonar à sua sorte New Orleans
de McCarthy, Richard Nixon, Kissinger, Reagan e CIA
de John dos Passos, Steinbeck, Hemingway...
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A América dos cowboys e dos índios apaches, sioux, moicanos, iroqueses e cheroqui
da bandeira com 50 estrelinhas (estados) e treze faixas horizontais, vermelhas e brancas (colónias)
da wall street
do tio sam
do bill gates
do plano marshall
dos xerifes
da mtv
do futebol americano, do hóquei, do basketball, do wrestling
do fast food
do sonho americano
dos bloqueios económicos a cuba
dos marines, e da guerra longe do seu território
dos xutos e pontapés
do capitão américa
de hollywood
da nasa
do seinfeld
do fbi
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dos americanos
a quem a única coisa que falta é carácter
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A América onde cabe tudo, o que se gosta e o que se detesta
de NY, cirúrgica, ali mesmo, das manhãs brilhantes no ladies mile, o Flatiron District, entre a 5ª e a 6ª avenidas, e entre as ruas 16ª e 17ª e a 22ª, dos perfumes, dos sonhos e das mulheres com sapatos «wow»
da financeira, com almoço de sandes frente ao battery park
de patchwork, das tranças lindas, numa escada do Village, antes do raiar, linda, linda, linda que me roubou o coração
do gume no gelo, a cortar o branco frio, patinadora
do Buba, Buba, Buba, com vista para a Times Square, jantar divertido, do Zé Bigodes a trocar tudo e da barmaid a rir à gargalhada disfarçada
do Rolex, em Canal St, perdido no quarto andar sordido, sem elevador
de Tifany's, pequeno-almoço, meias escuras, saia justa e escura
de pontes, sempre Brooklyn
dos domingos, Harlem, coros e arrepios, que vozes aquelas
do skyline visto de Hoboken
da, provavelmente, maior concentração de cagões encontrável em todo o mundo, em Massachusetts e, na outra costa, no Orange County
da falta de uma coisa: o «empedrado» lisboeta espalhado pelos quatro cantos do Mundo
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18 Janeiro 2007