Tactear o transitório. Ser fulguração. Sentir o esgar da revolta, da ironia, do espanto...


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Final wound


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Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
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Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sophia de Mello Breyner Andresen

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24 Junho 2006

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Diz que é uma espécie de Egipto
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UnI: José Sócrates apresentou queixa-crime contra bloguer

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O primeiro-ministro, José Sócrates, apresentou uma queixa-crime contra o blogger António Balbino Caldeira, professor em Alcobaça, devido ao conjunto de textos que escreveu sobre a sua licenciatura em Engenharia Civil na Universidade Independente (UnI), noticiou hoje o Expresso na edição on-line, citando fonte próxima do processo.
O autor do blogue «
doportugalprofundo.blogspot.com» vai ser ouvido no mesmo dia no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) de manhã como arguido e à tarde como testemunha.
Esta dupla condição resulta do facto de o DCIAP estar a conduzir dois processos sobre a licenciatura do primeiro-ministro na UnI: um que teve origem numa participação feita pelo advogado José Maria Martins, que levantou suspeitas sobre a passagem de Sócrates pela UnI, e no qual o bloguer será ouvido como testemunha, e um segundo que foi aberto após a queixa-crime do primeiro-ministro contra António Balbino Caldeira. Ambos os inquéritos estão a correr paralelamente, adianta o jornal.
Contactado pelo Expresso, António Balbino Caldeira não quis prestar qualquer declaração.
O gabinete do primeiro-ministro não confirmou a apresentação de uma queixa-crime. No último post colocado no blogue sobre a sua condição de arguido, António Balbino Caldeira escreve: «O sistema persegue politicamente os seus opositores por estes pretenderem exercer os seus direitos de cidadania. Mas só sobrevive com a complacência dos órgãos do Estado e a resignação popular».
in DD . 20-06-2007 14:37:38

Ou aqui - mais do mesmo, embora com a nota das "Notícias Relacionadas", que nem como ironia propositada funcionaria melhor.



A linhas tantas do blog acima referido e cujas lutas importa divulgar, alguém citou muito a propósito:

"Quando se recordam as atrocidades do século XX, vê-se que o pior não foram as malfeitorias dos assassinos, mas o silêncio das boas pessoas".
Martin Luther King

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20 Junho 2006

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ris. falas. és. Acordo.

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roubar-me para o infinito. levar só, e só, aquilo que é verdade
a pergunta sobre a fórmula química duns olhos assim
a rasgarem nevoeiros do lado de cá
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16 Junho 2007

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AaRon

"Je vais bien, ne t'en fais pas"


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(I still have a place for people like you.)

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16 Junho 2007

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Inapagável

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I

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de mim mesma desdigo
o ontem. o instante. o fundo das palavras.
o imenso desdém do presente.
a capa. o disfarce. a passagem para a luz.

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desdigo tudo desde a lucidez à filosofia.
incluo o sol. a cal. o vento.
o uivo dos montes.
o segredo dos cabelos.
a experiência do efémero.

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e por teimosia acredito no mar.
tranquilamente puro. circunscrito e definido
nas linhas dum horizonte imaginário.

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II

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só eu sei o que não sei. o que iludo. que recuso saber. que finjo.
que não digo. que tento dizer. que omito dizendo. sussurros pálidos
leves. bruscos, às vezes. mas sempre confusos.

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só eu sei que não sou o que tento ser parecendo que sou o que nunca
fui e às vezes pensei que era.

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só eu sei o que sinto sinto pouco sinto muito
nada é demais quando o fumo se aproxima de mim
passos leves passos fundos passos doutras almas que me amaram e
desabitaram

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percursos cegos de morcego de pássaro sem asas
garganta atropelada por sílabas de chumbo
muros de pedra telhados de sombra avenidas de nogueiras

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moinhos de papoilas desfolhadas
gengivas cinzentas corpo retalhado olhar afastado estranho olhar
de gato enfurecido.

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só ela sabe quem eu sou - a sombra da minha voz
todos os meus antepassados foram bichos e mares
escalaram os alpes construiram ninhos de aço beberam os vulcões
fui amaldiçoada ao primeiro riso à primeira flor guardada

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só eu sei que estou morta estando mais viva que as cores azuis e verdes

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sei que morri no útero de minha mãe e quando me deram de beber o leite
era sangue o que eu sentia era cal e diamante era estátua de rodin
era traço de carvão.

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todos se calaram quando eu nasci. todos me baptizaram de mulher
mas só eu sei que não sou o que tanta gente sabe de mim.

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III

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quem disse que os lábios eram puros?
puros são os beijos que damos sem querer
nos lábios que já esquecemos.

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isabel mendes ferreira in um corpo (sub) exposto


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03 Junho 2007

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