Tactear o transitório. Ser fulguração. Sentir o esgar da revolta, da ironia, do espanto...

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Leonard Cohen - Because of
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Excelência
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28 Maio 2006

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O meu Graal
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Eu gostava que alguém tivesse a certeza no que estou a pensar neste momento.
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28 Maio 2006

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(Não durmas que não te faz falta nenhuma, não...)
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Um conselho para tomar à letra:
"But don't forget the songs that made you cry and the songs that saved your life"

The Smiths, Rubber Ring
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28 Maio 2006

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Gosto pouco de confusões
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Um dia disse a uma pessoa: "Eu não sou eu, evidentemente". Como sabem, não é frase de minha autoria, é do Ballester. Mas eu não tenho respeito. Não é bem assim, também. Eu acrescentei, então, com a mão a apertar-lhe o queixo: "...como disse Ballester".
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(esta introdução não me saíu como eu tinha pensado; é uma pena ter perdido a mania de fazer rascunhos)
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Adiante...
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Não sei porque me lembrei disto agora, nem vem ao caso. Eu apenas achei que era importante reafirmar o que sou.

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28 Maio 2006

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Damien Rice - The blower's daughter
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Desespero
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28 Maio 2006

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Profilaxia II
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Já te disse que
estás irrecusável?
Tão a jeito que quase quase
me afogo no teu corpo.
Estás tão irrecusável
quase a jeito
de um provérbio em latim.
Qualquer um serve.
Declinarei em jeito suave.
Qualquer um.
Como quem não.
Não está aqui.

Muito depois virá, prometo,
a punição.
Lá estás tu!_
Tenho ou não tenho razão?
Em que ficamos?
No arrazoado do costume?
Vejo que sim. Vejo agora que sim.

Então,
tomo-te como outro remédio qualquer.
Com um trago de licor de wisky
para fazeres mais efeito.
E mais rápidamente.

Ao deitar.
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28 Maio 2006

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Profilaxia I
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Das duas às nove põe, por favor,
o ar genial de outrora e deixa em casa
o banal que tens agora.
Vem com porte leve e tão suave
que qualquer raiva desarme.

Voltarei o rosto. Para ti, para outro,
para mim,
ou olharei em frente.
Fecho a janela.
Hoje vai ser no chão da sala
que te arrasto, envolvo,
depois suavizo...

Hoje é de muito que preciso.
Senhora em sede própria.
Vais fazer como quero.
Quando me apetecer, desfaço.
Ponho-te na rua de um modo qualquer,
sem embaraço.

E voltarás. Quando eu disser.
Do que se passar não vais fazer
qualquer juízo.
Proíbo.

Depois da missa, depois da plástica,
depois da ceia pronta,
da hipocrisia barata.
Virás.


Receituário: repetir três vezes ao deitar
e mais três vezes ao acordar.
Contra indicações: não tem. É do melhor.

Preço fim-de-estação. É para saldar.
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28 Maio 2006

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por exemplo...
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uma coisa é certa:
não sei o que são estados poéticos
(nem como se conseguem)...
qual a diferença, por exemplo,
entre os amorosos e os poéticos?
haverá ainda alguém que o sinta?
que tudo em si abandone,
apenas pelo sentimento?
mas nem tudo é dúvida,
nesta parte tão incerta.
o modo, por exemplo,
como se cruzam as pernas.
um sentimento que se liga e desliga
ou algo que em si se precipita,
demoradamente...
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27 Maio 2006

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Bryan Ferry - Smoke gets in your eyes
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Classe
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27 Maio 2006

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No centro é que está a virtude
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O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada. O tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.
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25 Maio 2006

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Homenagem ( com o amor e luto da tua vida )
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Frida Kahlo - O melhor site, com um flash movie notável

e ainda
aqui e aqui
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A coluna partida, 1944







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o sofrimento em tela
como na carne
como a sonoridade do teu nome
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As duas Fridas, 1939









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e o ter asas brancas
e o saber-se
completa
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Diego in my mind









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A força de esperar
por um anel
para morrer
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tenho tanto medo de te falar
como de me pensar

mas tu sabes o que te queria dizer

Frida
gostava de ter pensamento e tempo
no fim
para escrever,
como tu

"Espero alegremente a saída
- e espero nunca mais voltar."

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24 Maio 2006

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1º dia de escola
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com a algazarra normal dos primeiros dias...
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23 Maio 2006

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Já cheira mal
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Há anos que nos andam a vender esta guerra contra o terrorismo. Continua a não comprar. Continua a resistir.
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23 Maio 2006

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Não digam que não vos avisei
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Para mais informações contacte:

RESERVA DE BURROS
Telm.: 966229408 Fax : 214864005
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22 Maio 2006

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Sim, Leonardo, basicamente é isso
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Poetry is just the evidence of life. If your life is burning well, poetry is just the ash.
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Leonard Cohen
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22 Maio 2006

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Para o caminho
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Quando se vai numa estrada e se vê um carro seguir a indicação "Rota dos vinhos verdes", não quer dizer que seja esse o seu destino. Pode ser apenas a direcção a tomar.
O lugar é outra coisa.

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21 Maio 2006

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Fado
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21 Maio 2006

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Buenos Aires - A cidade dos livros
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Umberto Eco encontrou a inspiração para escrever O Nome da Rosa a partir duns manuscritos dum monge beneditino alemão que narrava uma perturbante aventura vivida na abadia por volta de 1327, encontrados quando vasculhava nas bancas dum pequeno alfarrabista em Corrientes.

Um alfarrabista, em Lavalle, desencantou debaixo dum amontoado de livros envoltos em poeira, um volume que o livreiro avaliou por cem pesos. Depois de regatear um pouco, o comprador paga oitenta e sai radiante. Algum tempo depois soube-se que um exemplar da Bíblia de Gutenberg tinha sido encontrado em Buenos Aires e, posteriormente, vendida ao Museu Britânico por dez mil libras.

Entre a realidade e a ficção, na rica história das livrarias de Buenos Aires, abundam histórias como estas que ajudam a construir o mito de uma cidade apaixonada por livros. E onde o primeiro livreiro terá sido, como o seu nome parece indicar com reduzida margem de erro, um português chamado Joaquim da Silva e Aguiar que estabeleceu, por volta de 1776, o primeiro comércio de livros da cidade, como traçou Domingo Buonocore na genealogia das bibliotecas de Buenos Aires.

(Pequeninos excertos dum extenso artigo de João Ventura, na revista Atlântica, para quem se interessar por estes assuntos, ou para quem continua a pensar que a Europa é o mundo do saber e o resto apenas o mundo para ver.)

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21 Maio 2006

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O Génio do Absurdo
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Boris Vian (1920-1959) foi um dos mais extraordinários criadores franceses do século XX. Formou-se em Engenharia, mas seria pelas artes que o mundo registaria o seu nome. Apaixonado pelo jazz (tocava, inclusive, trompete), boémio incorrigível, deu à luz títulos absolutamente inesquecíveis, como "O Arranca Corações", "A Espuma dos Dias", "O Outono em Pequim" ou a "Erva Vermelha".
Viu-se envolvido numa enorme polémica com a tradução de alguns livros de Vernon Sullivan: "Morte aos Feios", "Elas não dão por nada", "Os Mortos têm todos a Mesma Pele" ou "Irei Cuspir-vos na Campa". Trata-se de uma série de romances "negros" ao bom estilo série B, com muito sexo, violência e até algumas estocadas à política externa francesa. Falta acrescentar que Sullivan não era outro senão o próprio Vian.
Antimilitarista convicto, ficou célebre a sua balada "O Desertor". Integrou o Colégio dos Patafísicos, "a ciência das soluções imaginárias", corrente fundada por Alfred Jarry, onde se encontram nomes como Eugène Ionesco ou Jacques Prévert.
Desde muito novo que sofria de problemas cardíacos. Viveu toda a sua existência com velocidade e muito humor e nem na morte abandonou o registo satírico que o levou a criar tantos - e tão difíceis de traduzir - vocábulos.
Morreu aos 39 anos, durante uma projecção privada da adaptação para cinema de "Irei Cuspir-vos na Campa".
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in Os Meus Livros
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Citações:

(...) as medidas que seria conveniente encarar como sendo para tomar um dia, a poligamia obrigatória, por exemplo, e não me oponho à poliandria, descansem...não temos assim tantas oportunidades de descansar.

Concebo sem dificuldade anúncios deste género: «Fazer amor com uma mulher loura é bom...mas será que já experimentou as morenas?» Quem ousará? Ou esta assim: « Dormir com uma mulher bonita, sim, claro, mas será que sabe o que é dormir com uma mulher feia?» No dia em que virmos anúncios deste género no France-Soir ou no Paris-Presse poderemos dizer que a literatura erótica ganhou o seu lugar ao sol.

Detesto acima de tudo as mulheres que julgam que podem ser feias porque são inteligentes. Felizmente, nunca encontrei uma mulher inteligente.

Porque é que as cantoras bonitas são sempre casadas com o sax tenor da orquestra? E será por isso que toda a gente toca sax tenor?

Não esquecemos nada daquilo que queremos esquecer; é o resto que esquecemos.

Julgo ter custado menos à França do que Napoleão; e no entanto, ele é muito mais conhecido do que eu.

Porque é que temos vontade de mijar de cada vez que encontramos uma posição confortável para dormir?

(...) está-se bem no hospital...no hospital tens camas, tens enfermeiras para te servir...mas lá está, para te meterem no hospital é preciso que estejas doente...E depois não aproveitas nada.

Sobre a Morte - Uma saída é uma entrada que se toma no sentido inverso.
Sem militares nem padres porque o meu sonho foi sempre morrer sem intermediários.

Pra fazer um soldado é preciso desfazer um civil.

No dia em que ninguém regressar de uma guerra, é porque ela terá enfim sido bem feita. Nesse dia, dar-nos-emos conta de que todas as tentativas abortadas até então foram obras de farsantes. Nesse dia, dar-nos-emos conta de que basta UMA guerra para apagar os preconceitos ainda ligados a este modo de destruição. Nesse dia, será, para sempre, inútil recomeçar.

- E dá bons resultados, a democracia?
- Não é possível saber. É segredo.

Dizer idiotices, por estes dias em que toda a gente reflecte profundamente, é a única forma de provar que temos um pensamento livre e independente.

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20 Maio 2006

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Blink 182 - I miss you
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Solidão. Medo. Fuga.
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20 Maio 2006

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Wounds 1
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como se
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tocar as margens desta página
deste corpo
como se existisse já o corpo
sem caminho
acender palavras trémulas
como se houvesse uma lâmpada
atravessar-te o corpo unânime
como se o visse já sob o relâmpago

dizer-te um a um
os dedos das carícias
num enxame de palavras quase vermelhas
quase
como se a língua falasse sob o trovão tremendo
dizer-te
esta laranja incandescente
este músculo que desce
em água doce
como se te visse já e te tocasse a pele
sob esta chuva escura
atravessar a espessura deste papel com letras
como se as letras fossem
feridas no teu corpo
desenhar esse gesto
despenteado
como se o corpo
rolasse sob
as palavras mesmas
como se o caminho
se abrisse
tão perto da tua boca

é como se te respirasse
se eu falasse
como se respirasse
no caminho
como se estas palavras fossem já
esse caminho
para o teu corpo
como se houvesse um caminho
se eu falasse
se eu falar

vejo-te imagem só
mas não o corpo
ou nem a língua vejo
mal respiro
e no entanto uma palavra ascende
o caminho é este
através das palavras do teu corpo
são estas as pedras
vermelhas
negras
sob a chuva
estas mãos que buscam
o caminho na espessura
são o caminho já
tão perto já
da tua boca
da tua língua acesa

se eu falar
é este o caminho dos teus cabelos
da tua boca
cada palavra treme
com o tremor dos teus pulsos
com a loucura feliz
desta mão que ascende
sobre o teu corpo
e desce ao fundo
à água do teu sexo
e beijo o teu nome
entre os teus dentes
_
antónio ramos rosa

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19 Maio 2006

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Cada cabeça sua sentença
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Segundo O Público de sei lá que data (este recorte andava ao tempo na gaveta), um clube de futebol da Austrália decidiu obrigar contratualmente os seus jogadores a irem à missa pelo menos uma vez por mês. Pretende-se, desta forma, combater os recentes escândalos sexuais.
Com objectivos similares, os membros das equipas juvenis deverão ser desaconselhados de irem a essas mesmas missas...

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19 Maio 2006

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Duo
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-

estava de robe
barba por fazer
guitarra na mão incerta
absinto na boca
a fada verde na alma
cabia um dia
inteiro
naquele espaço
perdido

dás-me a provar absinto?
se te der chamas-me colaboracionistazinho?

vamos ouvir as folhas secas, no outono, debaixo de nós?
perdes-te no tempo...

se me perder sabes ir onde eu estava?
essa estação não fechou?

não sei. ficamos à porta.
da estação?
não. do tempo.

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17 Maio 2006

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Ballet Gulbenkian
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Um país que acaba com isto, está à espera de quê para acabar com o resto?
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15 Maio 2006

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Mãe
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Há dez anos que não te vejo.

Sabes? O Duarte ofereceu-me um livrinho de poemas sobre quadros de Cézanne.
O Duarte, que só viste dentro de mim.
Que diz que tu és bonita.
Assim, como só sabem dizer as vozes de dentro.
Sem temporalidade
Que tem o teu sorriso.

Talvez por saber, como tu sabes
Que te continuamos aqui.

O Diogo telefonou-me. Queria oferecer-me um telemóvel.
Já tenho dois, mas ele acha que eu devo ter muito de tudo.

É a parte dele de ti.
Que também te continua.

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07 Maio 2006

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O paradigma do contraditório
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quem é que não gosta
de ter saudades de quem gosta?
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Fernando Pessoa
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07 Maio 2006

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À minha maneira creio ser verdade
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Quando nasci o meu nome já tinha morrido.
Hoje é o meu anjo da guarda.
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06 Maio 2006

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Isto só comigo...
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Ando cada vez mais aflita para conseguir distinguir amor de paixão.
E, ainda por cima, eles não ajudam nada...
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06 Maio 2006

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Patéticos
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I
gosto de ver os sinais que tens na cara.
não digas disparates...
amavas-me sem disparates?
não.
então tenho de continuar a dizer.
amavas-me se eu não tivesse estes sinais na cara?
não.

II
tens lume?
não, mas tenho uma alma, queres?
a tua alma dá para acender este cigarro?
dá...

III
abre os olhos, ou cais.
mas eu quero cair...
se caires, dói...
se eu cair adormeço deitada nas folhas...
e se eu te soprar até ao chão?

IV
porque não olhas para o céu?
tenho medo de não acreditar mais em anjos.

V
fecha-me os olhos.
assim?
mais...
assim?
ainda não...
mas é impossível fechar mais...o que vês?
vejo a memória do mundo.

VI
se eu voasse eras céu?
ou estrela.
se eu nascesse eras ventre?
ou terra.
se eu fosse palavra eras boca?
ou poema.

VII
está tanto silêncio no mundo.
ouves a música?
não. ouço a tua pele.
há tão pouca luz. vês o mar?
não. vejo a tua boca.

VIII
se te der este papel fazes um desenho?
se te der o mundo, foges comigo?

IX
onde está a lua?
a prender-te os cabelos...
bebe-a devagar...e beija-me de seguida.

X
empresta-me a tesoura. quero recortar o teu coração.
para quê?
para o costurar no meu.

XI
quem está aí?
a tua sombra...
queres entrar?
não. quero levar-te comigo.

XII
porque desceste da árvore naquela noite?
porque queria morrer na terra contigo.

XIII
se te pedir um beijo, dás?
se eu não tivesse nascido, encontravas-me?

XIV
podes ensinar-me a música?
qual?
aquela que faz dançar duas facas num coração.

XV
estás perto de mim?
estou...
prova-me.
se fechares a mão eu caio dentro de ti.
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05 Maio 2006

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Quase..........................Durante...
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05 Maio 2006

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Requiem
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Armadilha

Submissão

Entrega

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05 Maio 2006

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Anonymous said...
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05 Maio 2006

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Apathy is a cool emotion
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"O músico Lloyd Cole agendou quatro espectáculos para Portugal no mês de Maio. Santa Maria da Feira, Tomar, Alcobaça e Moita recebem o ex-The Commotions.
Um dos maiores singer/songwriters britânicos vai estar novamente entre nós. Lloyd Cole, vem a Portugal e "foge" das grandes metrópoles, para os ultimos "retoques" do seu próximo álbum de originais. Os concertos, esses, vão estar recheados de clássicos de Cole. Da época dos The Commotions e da sua carreira a solo. Nestes concertos intimistas (que não irão passar pelas habituais salas de concerto) Lloyd Cole estará acompanhado das suas guitarras e da sua voz que nos (en)canta letras de amor e paixão como já não se fazem. Este senhor de 45 anos pertence a uma espécie em vias de extinção: os singer/songwrites que nos falam ao coração. De uma maneira simples, romântica e sempre com um bom gosto intocável."

Pois é, Lloyd Cole mesmo à minha porta.
O último concerto será precisamente no Fórum Cultural de um dos pólos da rede de bibliotecas para a qual trabalho. E não faço a minima ideia se irei vê-lo ou não...
(O meu médico vai tentar uma terapia de choque. Duvido que resulte.)

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02 Maio 2006

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(Isto não estava aqui)
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1. Entra aqui comigo. Tu não sabes mas escrevemos isto a dois.
Que só me percebo por ti. Que não consinto mais ninguém.
A minha vida, a minha alma, o meu corpo não consentem.
Estás dentro de mim como um orgão essencial ao meu respirar.
Ofegante. Trémulo. Inesperadamente radiante.

O meu corpo, onde estás.
Falo com ele. Acaricio-o. Sei-te assim. Sabemos um do outro.
Estás comigo todos os dias nos sítios onde vou todos os dias.

Às vezes sinto frio. Assusto-me.
É então que te vejo a observar-me, irónico, rebelde e triste.
De longe.
Toco-me e trago-te.

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2. À noite acendo um cigarro. Falo-te e tu olhas outra coisa noutro lado qualquer. O teu inferno.
Toco na tua almofada. E , como sabes do meu medo, sorris.

Descubro-te, então, comovido, no entrelaçar dos teus dedos nos meus.
E vou contigo quando fechas os olhos.
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3. Odeio a manhã. De manhã estás tão diferente.
Endureço. Agarro-me. Deixas de controlar os meus actos.
É o sol, amor.
Não fomos feitos para o sol.
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(este e os três posts anteriores foram originalmente escritos em Fevereiro e Abril de 2005)
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01 Maio 2006

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«Por este andar vou eu primeiro» - dizes
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Não suporto a idéia de que vais morrer sem eu morrer contigo. Ou o contrário. Sempre quis morrer contigo. Muito mais do que viver. O sermos leves, livres, eternos.

Toda a vida procurei alguém com quem valesse a pena morrer.

Ouço a minha mãe a sussurar ao meu pai "As coisas que esta rapariga diz...". E ele a não responder. E eu a pensar que ele percebia. Sem nunca dizer nada, percebia.

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01 Maio 2006

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Como se fossem um
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- Não me olhes assim...
- ...
- ...Se eu sei dos teus tormentos devias rir até me convenceres que eram invenções febris das minhas madrugadas, da minha mente delirante.
- Dà-me um cigarro. Ou deixa-te de cenas metafórico-parabólicas.
- Eu calo-me. Dorme.
- Tu pensas que os meus olhos são tristes numa sádica demonstração de menino desprotegido? Tu pensas que eu uso as palavras para fingir que sou superior à merda que me circunda?
- Não foi bem isso que eu disse...
- Foi! Como se não soubesses das frustações secretas que temos, como se não soubesses que não conseguimos o que queriamos, como se não soubesses da ambivalência de situações que...
- Que...
- Tu sabes...O impossível, o incompleto, o não acabado. A raiva aprisionada nos dentes. O querer ser feliz sem ter um pingo de fé em que isso aconteça. Se dizes que sabes de nós porque raio me obrigas a fumar, falar, recordar, lutar, andar às voltas no labirinto?
- Seja. Apaga o cigarro. Fecha a luz. Dá-me a mão e tenta esquecer. É o que eu faço.
- Fazes, fazes, fazes...Não me faças rir...
- Nós não sabemos rir, esqueceste-te? Nunca percebi porque brilhamos tanto entre os outros. Será desta distância de sabermos que a verdade reside só em termos nascido a sentir demais a vida para a querer, para gostar dela? As verdades secretas escapam-se sempre para o outro lado do muro e brilham por terem inventado a liberdade...
- Se tomas isso como verdade...eu acho que estás enganada. Tu sabes que eu não quero ser duro, quero prender a tua mão na minha e dormir, sómente isso. Posso?
- Ontem, enquanto olhava um semáforo, lembrei-me de nós; do quanto eu gostaria de sermos, pelo menos, o instante da passagem do amarelo..
- Não me parece desagradável. Mas também gostei de termos sido o verde. E, pensando bem, também não foi mau termos sido o vermelho...
- Não era para rir...
- Não me interessa para que era, inspirou-me. Transforma as vozes nessa cabeça em sangue a aquecer nas veias e vem...e tráz contigo a cola do suor e do calor que nos isola do pior e do amor.
- Não ias dormir? E eu não quero isolar-me de...
- Queres. Cala-te...
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01 Maio 2006

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1 ano, 1 mês e 7 horas depois...(precisamente)
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Caíu-me aos pés uma saudade. Não sei que lhe fazer.
Decido deitá-la comigo na cama.

Apetece-me amar-te devagar...Em que não se ouça senão o silêncio que fazem todas as coisas a observar-nos.

E assim, sem te tocar, vives-me nas mãos.
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01 Maio 2006

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