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Dentro deste espaço há alguém que fala. Habitam-no o medo e o fascínio, o pranto e o deslumbramento, o adeus e a solidão. Por estas linhas onde a serenidade e o equilíbrio parecem repousar na noite em fundo, desdobram-se as pontas de um véu lavrado a panteísmo, e na borda das palavras inquietas cresce um quotidiano consentido. Não se pode falar de resignação mas antes de uma certa aceitação dos anos e contingências que eles acarretam. Os prazeres fecundos de um conhecimento onde tropeça o sangue da eterna juventude e se ouve o grito de um outrora-agora.
Corre, no âmago disto tudo, um monólogo onde o outro assiste, impotente, sempre exterior, mesmo quando a partilha o toca. E, apesar disso, o monólogo é quebrado aqui e além e também porque ele responde e comenta, também ele medita em palavras audíveis rompendo o compromisso de uma solidão buscada, a tal ponto que são dele, o outro, as últimas palavras aqui desenhadas a giz.
E há um segredo reduzido a pó. Antecipadamente.
Anotações menos secundárias:
A Primavera irrita-me, com tantas horas de sol que não me servem para nada. Ainda bem que se acabaram estes dias de férias; cansa-me passá-los a perguntar-me, desde há muitos anos, para que é que eu meto férias.
Um filho que não sabe a fórmula de morrer de amor e continuar a viver. E eu que não sei como ensinar que o resultado dela é zero e que isto são contas que só se acertam mais tarde.
Acho que ainda sou uma conversadora nata mas já não suporto ser obrigada a ouvir tudo o que digo.
O mundo em vertiginoso descarrilamento e, nos cafés, lê-se o jornal de perna cruzada.
Ontem sonhei que os meus sonhos tinham falta de mim.
E gostava mais da pessoa que eu era contigo.
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02 Abril 2007
20 comentários:
apetece-me ser mau!
Eu gosto muito da Primavera...
E gostei bastante de vir aqui!
*
deixa ali mesmo as pernas cruzadas dos jornais.
(que só interessa mesmo a vida por dentro.)
quando for tempo de sair
hás-de saber ~~~
beijO
Não há Babel sem os outros. Todas as línguas são a minha, todos vimos da torre que aspirava ( invejava? ) o céu. Ascender pela língua à comunhão do espírito? Porque não? Ser na partilha não diminui, só acrescenta um elemento trágico, o de por vezes nada chegar ao outro, e a textura do discurso ser áspera da rouquidão, da lentidão, da descompreensão. Mas vimos também do mar, e sabemos dele a oscilação da maré e o amargo da onda, e sabemos flutuar e nadar, e sabemos a costa. Por isso, porque não ousar a nau, a vela-vento, o virtuosismo da gaivota, e ousar o longe para decifrar no horizonte o horizonte largado? Bem, chega de confusões verbais. É lindo o teu preto-e-branco-e-sépia.
"fórmula para morrer de amor" é a meu ver um excelente título para um romance que aqui começas... um grande beijinho por este capítulo!
;)*
Pois eu não me farto de ti, daquilo que nos ofereces a todos. Gosta de ti no limite, és em ti mesma o tesouro mais valioso do mundo, pelo menos assim penso acerca de mim (este optimismo!)
bj
é indizível o espaço. os olhos já não cantam e a nuca dói no aconchego do caminho. e todos os dias abro os olhos para sentir diferente. e não passa de papel a memória. papel selado com os fragmentos dos sonhos. um espaço por preencher é sempre um caminho aberto.
B.
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Bebem-se aqui as palavras como de um fonte de água cristalina se tratasse. "Cheira" a silêncio, calmo e profundo. Gostei.
Obrigada pela visita, uma noite feliz. Buscada e encontrada
Muito bom.
Pior é ser verdade,
o vazio que é tão pesado.
beijo*
Palavras francas,cristalinas e sublimes.
Uma Feliz e Santa Páscoa.
Bjs Zita
com certeza que ainda te será permitido sonhar, sem ser apenas a preto,a branco e a sépia
"A TERNURA É LÚCIDA?"
__________________BOM DIA lETRAS-
de babel....
:)))))))))))
_________________um beijo.
Gostei muito. Encantou-me, tocou-me mesmo muito. E queria pedir-te se não te importavas que te citasse num texto meu.
Um Abraco.
isso é lá coisa que se avise, anónimo?
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também não desgosto, eyes, apenas me irrita. se soubesses as coisas de que gosto e me irritam...:)
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ficam ali, un, mas não gosto de vê-las. a vida por fora interessa-me mais do que, se calhar, faço transparecer...
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nenhuma confusão, paulo. é a tal babel que nos preside.
ser na partilha não diminui. haver nela um lado trágico - o de nada chegar ao outro - é ousar ser maior que o medo e o egoísmo.
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eu não estou a começar um livro, alice. nem a acabar, por poético que fosse dizê-lo. só se se chamasse "notas de rodapé" e todas juntas compusessem um elogio à esquizofrenia (entre aspas).
voices in my head...
e a fórmula para morrer de amor é a parte fácil da equação. não nos exige esforço, desenha-se à nossa frente quando bem lhe apetece. continuar a viver apesar dela, eis o paradoxo (aparente?).
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também gosto de mim, abssinto. sem limite. optimismo? ná...pura constatação dos factos :)
(não gostar de mim desta ou daquela maneira só valida o meu grau de exigência...)
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acho que desperdiçaste, aqui, um belo texto para um post, bandida.
é tão bom e tão verdade.
não que não o queira aqui...:)
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depois de muitas depurações, gi. mas daí até ao cristalino...
(e quere-lo-ia?)
é como dizes: como se...
e a aparência do que queremos já é meia vitória.
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tem dias, cereja.
tem a ver com a forma com que lidamos dentro dele. tem a ver com a saturação do resto.
nunca nada é bom quando é sempre mais do mesmo.
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francas são, entre-linhas. o resto é simpatia tua...:)
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mesmo quando não me for permitido, eu transgrido a lei.
há muita cor a atravessar o tempo deste blog, ch...
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acho que é, isabel. se a temos sabemos tudo dela.
diferente é a paixão...
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podes citar ou levar daqui o que quiseres e sempre que quiseres, groze.
e deviam constar do teu perfil os teus dois blogs que considero os melhores. os que, realmente, me tocaram: o lonely gigolo e o examinatus. tens lá textos muito bons. lá está, o profundo em ti.
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beijos a todos
e mais aquela coisa de boa páscoa e assim...
:)
...boa pascoa nan.
um beijo grande.
igualmente para ti, ana :)
beijos
E eu gosto mais da pessoa que sou.. comigo :)
Bjs
às vezes gostamos tanto do nosso retorno, não é, ini...?
de qualquer maneira, nunca fui a minha 1ª escolha. nem escolha sequer. apenas uma coisa que me saíu em sortes.
(et maintenant rien ne va plus)
um sorriso?
porque não?
:)
bjs
Li. Fica um Olá
;)
olá, regressado
dos tempos que valem a pena
:)
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