Tactear o transitório. Ser fulguração. Sentir o esgar da revolta, da ironia, do espanto...

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Espaço com poetas do lado de lá II
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Testemunho de essências indecentes
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Eu tenho vontades
Tenho um desejo ou dois
Intenções, projetos e insatisfações
Nunca soube o que deveria ser
Na falta de uma definição: sou
Procurei por respostas
As mais importantes foram:
bom dia - boa tarde - chega aí
Recebi ordens: nem todas cumpri
Nenhuma delas me definiu
Joguei muita migalha no chão
Varri sujeira pra trás da porta
Fechei portas de armários bagunçados
Nunca fui consenso
De tudo que pedi, quase nada recebi
E o que me deram foi vital:
Beijos, abraços, carinho e companhia
Não tenho a deus e nem ele a mim
Não vivo no inferno e não sou diabólico
Não fui julgado, não pretendo julgar
Meu juízo, pela média, é insano
Poder eu posso, talvez...
Divertido pensar que sou evoluído
Triste pensar que é mentira
Depois da tristeza? A realidade
Guardo a certeza da mutação
E sua irreversibilidade
Não quero a morte
Muitas batalhas já foram travadas
Já senti o seu cheiro e não gostei
É monótono, monocórdio, definido
A vida é polissêmica, dinâmica
Os cheiros, os gostos e as cores variam
A vida dói imprevisível e indefinidamente
E eu sigo pelas esquinas que passam
Se isso tudo faz sentido ainda estou vivo.
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05 Março 2007

12 comentários:

inimaginavel said...

:)
Se isso não é a vida... o que será?

Abssinto said...

Triste, solitário, desencantado, final. É...a vida é isso aí mê`irmão!

bj

Anonymous said...

A vida dói imprevisível e indefinidamente
E eu sigo pelas esquinas que passam
Se isso tudo faz sentido ainda estou vivo....

_____________________


porque a vida mora aqui. em forma de blog!


abraço.

rendido.


(piano)

un dress said...

das pontes.

todos mas

todos os sentidos


(todo-o-mundo-e-ninguém...)

abraçO

Maria Strüder said...

Nós somos sem dúvida o nosso pior inimigo.
Batalhamos em fim contra nós até ao fim das nossas vidas e simplesmente deveriamos ficar quietos e viver.

Anonymous said...

Caminhava por outros caminhos e chegai aqui! ....

A vida é imaculada,
composta de sonhos.

São esses, que registem as aversões dos tempos.

(dita)

isabel mendes ferreira said...

#Guardo a certeza da mutação

E sua irreversibilidade

Não quero a morte!#

________________________


brilhante!!!!!!



-----------------------


abraço.

Letras de Babel said...

PS: O nome do autor do poema é o link para o seu blog.

intruso said...

um poeta que não conheço...

(desencantado?...
fiquei suspenso, pelas palavras...)



bj

Lavínia Saad said...

Testimony to Indecent Essences

I have desires
I have a wish or two
Intentions, projects and insatisfactions
I never knew what I should be
In the absence of definition: I am
I searched for answers
The most important were:
Good morning / Good afternoon / Come over here
I took orders: I didn’t carry them all out
None of them defined me
I scattered crumbs on the ground
I swept the filth behind the door
I closed doors of cluttered closets
I was never a consensus
Of all that I lost, I received almost nothing
And what I was given was vital:
Kisses, hugs, warmth and company
I don’t have god and he doesn’t have me
I don’t live in hell and I am not diabolic
I was not judged, and I will not judge
My reason, on average, is insane
That I can, I can, perhaps…
What fun to think I am evolved
Sad to think it is a lie
After sadness? Reality
I hold on to the certainty of mutation
And its irreversibility
I don’t wish for death
Many battles have been fought
I’ve smelled it, and I did not like it
It’s boring, monotonous, defined
Life is polysemic, dynamic
The smells, the tastes and colors vary
Life hurts unpredictably and indefinitely
And I follow the corners that pass along
If all of this makes sense then I am still alive

Anonymous said...

Claro que faz sentido! Belo poema!
Como ele define a vida tal como ela é, por isso ainda se está vivo.
Um feliz e doce dia da mulher.
Bjs e felicidades da tua amiga Granny

Letras de Babel said...

partículas de nós em cada linha.


beijos a todos

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