.
(...)
- vens. bebemos duas águas tónicas. depois vais, se tens de ir...
- mas é tão tarde. onde estás tu?
- estou em casa.
ela estremeceu. de surpresa. como se fosse uma carícia. "falaremos, de novo, sem nada dizer, estonteados. inclinarei, de novo, o pescoço para o lado direito para dar lugar à tua boca. tapar-te-ei a cara com a almofada. dir-te-ei, muitas vezes, para não te mexeres. quando fechares os olhos eu passarei os dedos nas tuas pestanas. eu vou, espera por mim, eu vou..." - pensou.
mas disse:
- sempre quis conhecer a tua casa. a maneira como te sentas na tua sala. o teu à-vontade na tua casa de banho. o sítio onde arrumas os sapatos. coisinhas assim, fundamentais...e é agora que me convidas para ir...
- convido. so what?
- é tão tarde.
(...)
e não foi.
6 comentários:
Eu também quero ir.
Mas fica cada vez mais tarde...
Irremediavelmente tarde...
e o tempo leva-nos para longe...
sabe a tempo perdido
"desfazamento"
tão tarde...
agora sabe, st. j., agora que "tão tarde" não são só duas palavras...
"a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro nessa vida" - vinicius.
quem sabe não era já tarde desde o princípio? quem sabe se o desfazamento não teria estado no desapego da pretensa vítima?
de qualquer maneira, intruso, somos sempre escravos das palavras depois de as proferirmos...
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