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Há mais de uma hora a querer dar título a isto. Como se fossemos título de alguma coisa.
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Às tantas horas duma noite qualquer dum ano talvez igual a este no meio de um sem número de coisas escritas para ti e para mim de um fôlego mais ou menos assim...
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"Não sei há quantos anos dormia. A casa parecia-me infernal. Não havia música. Não havia poesia. Entretinha os dias a sobreviver. O corpo sabia das fraquezas da alma com a sabedoria dum autómato. Ninguém chegava com aquela vontade de amar junto. Procurava por palavras mas elas não surgiam. Não havia ninguém, em casas mais cheias que a de hoje. Tinha sonhos calados, cheios da sinceridade de quem espera e não encontra. A música entrava em mim, mas ninguém fechava os olhos para a ouvir."
E um dia chegaste. Deslumbrante na forma de seres como eu. Anjos que nunca tiveram um altar. E nunca te senti a passar por outros corpos. Era o tempo em que tinha a certeza de que só desejavas o meu. Em que tinha a certeza de te encher os dias e as noites. De te queimar.
Não foi a ausência que te levou. Nem o silêncio. Nem a distância ou o que um dia foi impossibilidade. Nunca saberás o que foi, apesar de também me confundir por ser tão pouco face ao resto que ignorei.
Que importa? Perdemo-nos para sempre. E por muito que pudesse dizer-te, seria sempre pouco para saberes o que fiz para te poder encontrar.
Hoje, se me serve para alguma coisa, resta-me saber que, nem que minta aos olhos de todos (e aos teus olhos, aos teus olhos), sou outra desde que te conheci ou imaginei conhecer-te.
E este hábito de te escrever, quer leias ou não, será sempre uma estranha mistura de febre e exorcismo. Uma estranha mistura de lábios quentes e mãos firmemente fechadas. Lábios que nunca te beijarão e mãos que nunca responderão ao teu adeus.
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07 Fevereiro 2007
6 comentários:
Não fica em branco porque te escrevo um Abraço.
J.
Resposta damos sempre.
Fechamos os olhos para nao termos que mandar o adeus.
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Para quem andava de mal com o blog escreves maravilhosamente bem!
Cada qual com o seu fantasminha... opá.
beijo
Mas isto sou eu, que gosto de começar sempre pelo fim.
Felizmente, nunca há de ser o título que define a qualidade do que quer que seja, mas sempre o conteúdo...
Acabou por ser um título pela negativa, St. J.
De qualquer modo, registo e retribuo o teu abraço.
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Depende, cereja. Podemos esboçar um adeus para a fotografia, sem que isso tenha a ver com a verdade cá dentro.
A vida é um palco.
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Maria, o blog não tinha, nem tem culpa nenhuma, coitado.
São as circunstâncias...
Obrigada pelo elogio, querida, mas isso são os teus olhos...
:)
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A ghost...
Opá...abssinto, abre consultório. Tu tens um dom.
:)
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Também tenho a mania de começar muita coisa pelo fim, Mak. Ler um jornal ou uma revista, então, é certinho. Assim como não resistir a ler o fim dum livro antes de o comprar. O que é complicado porque subvaloriza o princípio ou mesmo nos impede de o saber...
Quanto ao título, não sei se muitos deles não definem, logo à partida, a qualidade e o conteúdo...
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Beijos para todos.
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