Tactear o transitório. Ser fulguração. Sentir o esgar da revolta, da ironia, do espanto...

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good taste I
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Tom Waits: Órfãos de colecionador
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Num triplo CD reunindo mais de 5 dezenas de canções, Tom Waits volta a afirmar que a genialidade não conhece limites.

Há muitos inéditos, algumas repescagens, e sempre, sempre muita criatividade, non sense e fulgor compositivo.
A sua voz...puro espanto e viscerilidade.
...
(...) A música de Tom Waits é um baú de experiências sonoras sem fundo. Um teatro dos sons a que se junta a voz esgarçada do «encenador» recortando, ao primeiro embate com o ouvinte, a singularidade das experiências propostas. Visceral, poderosa, roufenha, brutal, eis uma voz única a casar-se na perfeição com a imagem sui generis do artista, entre o poeta beatnick de ar surreal e o artista à beira da ruína física e mental. A ser ultrapassado, só mesmo por ele próprio. E, espanto dos espantos, após décadas de carreira, após discos e discos sem mácula, o homem regressa para nos deixar à beira da incredulidade: de uma só assentada, três discos, para um total de 56 canções! 56?! Não se terão enganado? O 5 ou o 6 a mais?...Mas não, não há engano, com Waits não há enganos nem engodos, sobretudo em tempo fértil de compilações que mais não fazem senão acenar à boa vontade do Pai Natal.
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good taste of Magazine artes/Jan.
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22 Janeiro 2007

12 comentários:

Abssinto said...

Adoro Waits, principalmente os albuns da década de 70 e princípio de 80. Tenho um colega que é a cara chapada dele nessa altura:)

Um beijo

Letras de Babel said...

Este é que era "The Voice"!

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"Down the shore everythings alright,
you with your baby on a saturday night,
dont you know that all my dreams come true,
when Im walkin down the street with you,
sing sha la la la la la sha la la..."

- Jersey Girl, uma das minhas favoritas.
E é, como sabes, dum álbum de 1980 :)



(lá muito atrás, tenho o vídeo do Downtown Train num post)

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Outro

intruso said...

pois, the voice...

tb gosto muito...

bom gosto, de facto
(a ideia e resultado de Orfans parecem ser perfeitos...)
quero ouvir......................

kimporta said...

Vamos ser justos: "The Voice" era o Frank Sinatra. Tom Waits é o cantor, o palhaço, o poeta, o actor, o pauzinho na engrenagem e sim - o homem da voz singular, única.
Deixem o Sinatra ser "apenas" "The Voice". Já não é pouco.

Abssinto said...

Muita gente não sabe, mas este Sr de voz única ao início tinha uma voz pouquíssimo grave. Mas gosto dessa "sujidade" que ele inseriu desde o NIGHTWAKS AT THE DINNER.
Romântico, desencantado...é linda essa fase de pianista de bar de 4ª categoria:)

Vou procurar o video, nan.

beijo

Letras de Babel said...

Também ainda não tive oportunidade de ouvir, intruso.


Chamo-lhe The Voice não por ser a única com particularidades especiais - que isso cada uma tem a sua - mas por não me agradar que o título seja pertença apenas do Sinatra (com quem nem simpatizo).

:)

Letras de Babel said...

Kimporta, vamos ser justos:

Tom Waits era isso tudo (esqueceste-te de autor) mas o Sinatra era um mafioso e mau actor. Bom cantor, confesso. Boa voz.
(toma!)

:)

Agora mais a sério: não gosto dele como pessoa mas tiro-lhe o chapéu por ter ido a Espanha, onde uma das ex dele - Ava Gardner - se afundava em álcool e dívidas, para a ajudar. Não lhe evitou a decadência mas valeu a intenção.
Não li isto em lado nenhum mas acho que não preciso de ir confirmar porque eram coisas de que os meus pais falavam.

Bjs

Letras de Babel said...

O vídeo está em Junho/2006, abssinto.

Não sabia que a voz dele não tinha sido sempre assim...eu também não sei tudo, né?

:)

Abssinto said...

Vou ver o video então. Gosto bastante dessa musica "You´ll i see you tonight In the downtown train Every night everyday is just the same In the downtown train..."

Ele costuma brincar ate com essa fase, diz que tinha voz de menino de coro:) O mesmo aconteceu com o Leonard Cohen. No primeiros 3, 4 discos tinha uma voz mesmo fininha e nasalada:)

Gosto De Frank Sinatra, das músicas e da atitude, de "delicious bastard"! Ficava-lhe bem aquela pose de sacan, eheh. Mas fundamentalmente pelas músicas, é claro.

beijo, nan

kimporta said...

Claro que era essencial mencionar autor, mas depois de actor... esqueci-me.

Levantas outra questão: Devemos separar a pessoa (o ser humano) do cantor/autor? Sinatra cantava bem, mas era um grande sacana para quem não gostava e um presunçoso para quem não conhecia. O que ficou dele foram as músicas?
Tom Waits é de um mundo completamente diferente. São incomparáveis como seres humanos e semelhantes como cantores? Ou não posso, sequer, compará-los?
Que fique claro que gosto do Tom Waits há vários anos.
Mas a questão interessa-me.

Letras de Babel said...

A palavra comparar existe para que se lhe dê vida...comparando. Coisas diferentes raramente podem ser comparáveis, mas pessoas não são coisas imcomparáveis enquanto existentes, com tudo o que isso implica.

Mas eu não estava a fazer esse exercício. Falta-me o conhecimento de muita coisa de ambos para tal.
Era apenas a expressão dum gosto. Mais artístico que outra coisa. O género musical do Sinatra pouco me diz. Concordo que tinha uma grande voz.
(Abro parêntises para dizer que não considero um mérito ter uma boa voz. Ou se tem e se faz bom uso dela, ou não se tem. Obviamente que nisto ambos estão em pé de igualdade.)

Como pessoa enalteci um facto de que tinha conhecimento, de um deles.

Esta questão não me interessa para mais nada.

Outra coisa é falar-se do assunto em abstracto.
Questões como o bem e o mal, etc...
se existem como entidades, se são mensuráveis, comparáveis, misturáveis...

E isso, Kimporta, nunca mereceu unanimidade em lado nenhum.
À chacun sa raison...

__________________

Beijo

Letras de Babel said...

(Parece-me haver ali algo que não faz sentido, mas não sei bem o quê.



[isto, hoje, está tão bem como ontem]...)

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