Tactear o transitório. Ser fulguração. Sentir o esgar da revolta, da ironia, do espanto...

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19:40
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o relógio da estação marcava

dezanove e quarenta

um alto e entroncado homem
sorria de um dos lados da linha

todos os dias

do outro sorria uma mulher
com os seus dezanove
e quarenta anos

a reter, os brincos da mulher
estridentes de silêncio

e as botas dele
invulgarmente mudas

a dilecção dela
eram homens pontuais

a dele mulheres
sorridentes ao silêncio

dia dezanove de um mês
invernoso
do ano de quarenta

de um lado da linha
não havia vislumbre
de mulher ou homem

e do outro
também não
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Nuno Travanca

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30 Novembro 2006

8 comentários:

Anonymous said...

Boa poesia se lê por aqui. Vou linchá-lo, digo linká-lo.

Letras de Babel said...

não linches, digo linkes, o poeta que ele não tem culpa nenhuma :)

nem a mim, porque não vale a pena.

obrigada pela visita.
voltarei ao teu sítio sempre que puder

beijo

Anonymous said...

Lindo lugar o seu !!!!!!!! Leio desde a Espanha. Achei incrível o poema e a fotografia. Obrigadísima pela beleza que ofertou !! Beijos

St. J. said...

fotos: se meter a mão no saco onde guardo imagens, de certeza que, até de olhos fechados, tiro o relógio de uma estação ferroviária

relógios: estejam todos os ponteiros alinhados pelo mesmo minuto e qualquer encontro acontece

nan: aceita dois beijos

n said...

o meu comentário é que não faço comentários.

e escusam de procurar oferecer livrinhos p'la natalícia porque não há comentários à venda

Letras de Babel said...

a partir de hoje eu vos baptizo, anonymous, de nony

...que é para ver se vocês assinam o que dizem com um nome decente :)

_______________________

não leves a mal...

obrigada pelas palavras.

Letras de Babel said...

acreditemos que existe um espaço temporal que ouve a mesma música que nós, st. j.

aceito-os.

aceita tu três...(ganhei!)

:)

Letras de Babel said...

n,

...de NaOH.

(viste? bate certo...)

:)

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